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Bebê com 6 meses já pode comer sólidos? A partir de quantos meses o bebê pode ingerir comida sólida?

Quando se fala da alimentação do bebê, o ideal é que a amamentação seja exclusiva até os 6 meses. Nesse período, não é necessário dar água.

Após esse intervalo, pode-se iniciar o processo de desmame, que pode durar até os 2 anos de idade (ou mais, segundo a Organização Mundial da Saúde). Tradicionalmente, começa-se oferecendo papinha peneirada, depois amassada grosseiramente e, evoluindo bem devagar, alimentos em pequenos pedaços, cortados bem miúdos.

Porém, algumas abordagens questionam essa medida em meses, pois nem todos os bebês são iguais para começarem na mesma época. A maturidade renal, a digestiva e a neuromotora devem ser avaliadas para determinar se o bebê está pronto para receber outro alimento que não o leite.

A introdução alimentar precisa ser encarada como algo muito mais amplo e complexo que simplesmente dar papinha ao bebê, pois envolve o desenvolvimento das funções cognitivas, a integração sensorial e até habilidades psicossociais. É fundamental ao desenvolvimento da autonomia do bebê.

Ficar sentado com um mínimo de apoio, mostrar interesse pela comida ou levar objetos à boca são sinais de que o bebê está pronto para o desmame, mas nem sempre tais ações coincidem com a idade cronológica. Quando a decisão do desmame parte do adulto, sem considerar os sinais do bebê, não há como ter certeza se ele realmente está pronto para comer sólidos.

Desenvolver a autonomia em relação aos alimentos significa aprender quando começar e quando parar, de acordo com nossos sinais internos de fome e saciedade. Esse processo é benéfico em muitos aspectos, em longo prazo, como controle da obesidade, diabetes etc.

Isso não significa que se deve manter o bebê exclusivamente na alimentação líquida e pastosa. Atrasar essa introdução de alimentos sólidos e em pedaços para além dos 12 meses pode significar perder a janela neurológica de desenvolvimento da mastigação.

“Mas ele precisa ganhar peso!” Talvez esse seja o maior obstáculo para a introdução alimentar baseada no conceito de autonomia do bebê. Para terem sucesso, os pais precisam estar bem informados sobre as fases de desenvolvimento e ser apoiados pela família e pelo pediatra, mantendo o leite materno em livre demanda até que o bebê desenvolva autorregulação. São necessários respeito e confiança porque o processo pode durar alguns meses. Contudo, certamente, os ganhos serão muitos!

Para que essa fase seja tranquila, são necessários muito empenho, conhecimento e confiança no bebê. Veja algumas dicas que facilitam esse processo:
_ Mantenha o bebê sentado e bem apoiado quando ele for comer.
_ Escolha alimentos apropriados e prepare-os de acordo com a fase de introdução alimentar e também de forma fácil para o bebê manipulá-los.
_ Incentive o bebê a explorar diferentes tipos de alimentos com todos os sentidos (paladar, visão, olfato, tato), para estabelecer associações de sentimentos e emoções positivas.

No segundo semestre de vida, o bebê ainda tem o reflexo de gag ativo. O contato com o alimento sólido o faz perceber quando o pedaço está ou não apropriado à deglutição e quando deve colocá-lo para fora. Mais informações sobre o assunto podem ser obtidas no e-book Prevenindo o engasgo: a escolha do adulto faz toda a diferença, da fonoaudióloga Aline Rodrigues Padovani.

O papel da família é dar oportunidades para que o bebê aprenda a comer. A experiência de estar à mesa nas refeições com o restante da família é fundamental para a familiarização dele com os alimentos. Historicamente, a definição de um tempo exato para a introdução alimentar impacta de modo negativo no progresso natural do bebê no ajuste da própria alimentação. Por isso, o ideal é respeitar o desenvolvimento de seu bebê para que esse processo seja o melhor possível!

Fonte: Dra. Mariangela Schalka – CRO-SP: 49.088

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